segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Café Amargo - 2º capítulo

Divirtam-se!...

... 2 ...



São Paulo. Mais de 20 milhões de habitantes. Encravada na mata atlântica, uma pedra. Várias pedras... Milhões de pedras... Calor sufocante? Não, por incrível que pareça esse era um outono frio. Mesmo com tanto concreto. Mesmo com tanto gás tóxico: monóxidos, dióxidos e outros óxidos de carbono, enxofre...

“Nossa... Dez pras seis?” Adriano levanta-se. Olha para o espelho. Barba. Começa a fazê-la. Toca o telefone. Toca como se estivesse dentro da cabeça dele. Que dói. Uma metástase de dor que se espalha pelo corpo. Para no estômago e volta a subir. Um redemoinho.

“Cadê esse telefone?”

“Alô?” A Suave voz feminina ecoa pelo corredor.

“Ora? Será possível?” Pensa ele. Que olha de novo para o quarto e agora vê os sinais de uma boa noite, não na memória, mas que se delatava em cada canto do quarto.

“Quem é que eu trouxe pra cá hoje?” E em meio os pensamentos, tenta lembrar-se da noite anterior. Lembra de Ronaldo. Lídia. Laura... “Laura?”

“Oi gatão!” A loira atlética acaricia seu pênis. O corpo do homem estremece. Ele se refaz. O sorriso irônico volta aos seus lábios antes preocupados.

Continua a fazer a barba.

“Lídia pergunta se você está. O que eu digo?”

“Diga que ela ligou para o telefone errado. Que é erro da operadora. Coisa mais normal hoje em dia, ora.”

E enquanto a malfeitora desvia a atenção da amiga para o erro, ele se junta ao corpo dela. Acaricia suas coxas. Começa a beijá-la. No mesmo momento ela entende o gracejo. Desliga o telefone, se vira e começa a ofender o ego do rapaz.

“Imagina. Pra tanto amor. Tanta paixão. Até que ela desiste bem... Ou não será que o receptor do carinho desmerece tanta atenção? Afinal, tratou a amiga dela tão bem?...”

“Se acha que não mereço... Porque ainda me procura? Não se cansa de bancar a sacana só pra alguns e parecer gentil com a maioria...” A frase causa efeito em ambos... O silêncio se instaura por alguns segundos. Mas ele novamente interrompe: “Que foi? Só porque comigo não precisa fingir, né? E ser quem você realmente é? Olha, você já teve o que queria. Agora tenho que ir. Hoje é sexta e tenho mais o que fazer.”

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