segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A lógica do amor x A inconsequência do medo - Um novo ano a todos!


Em 25 de julho de 2007, postei este texto:

http://som-letras.blogspot.com/2007/07/hipocrisia-medo-preconceito-x-amor-real.html

Pois há mais de dois anos o assunto se repete, de um outro ângulo, mais sutil e mais refinado.

Qual a lógica por trás do amor promulgado por Cristo e seus antecessores? Que outrora não se sabe porque foi ameçada por aqueles que se dizem seus seguidores?

Qual a manifestação do medo nos nossos tempos?

O que o medo tem construído?

Para explicar minha visão acerca destes assuntos vou descrever dois fatos recentes.

O primeiro se refere à um problema societário.

O segundo se refere à um evento físico.

Pois bem. Tomemos por base duas premissas antes de adentrar aos fatos. A primeira de que todo mal que causamos ao próximo retorna três vezes mais forte contra si mesmo.

A segunda é que não devemos manipular as forças naturais ao nosso favor, mas sim ao favor da coletividade, incluindo a natureza.

A primeira premissa encontra respaldo na lei física da ação e reação; assim como a segunda, que vai mais além, encontra respaldo em uma lei ética: o altruísmo.

Aos fatos então.

Alguém possui um ente querido que confia muito nesta pessoa. Em função desta confiança esta pessoa usurpa a liberdade de acesso aos bens do ente querido. Ou seja, utiliza esses bens unicamente a seu favor e não pensa no ente que lhe delega confiança.

Pois bem, este alguém delega confiança à outros três entes que lhe são queridos. Estes três por sua vez fazem o mesmo que este alguém. Usurpam a liberdade de acesso aos bens deste alguém. Assim como tal pessoa fez com o primeiro outro ente querido.

Isso ocorre constantemente.

Imagine um ladrão de uma quadrilha que rouba alguém. Ele sempre está de olho na quadrilha pra não ser roubado por ela. Principalmente quando rouba e não distribui com a quadrilha.

Segundo fato.

Um mago muito sábio resolve por bem matar alguém com um raio.

Utiliza para isso uma alta força relacionada ao magnetismo direcionando o raio para alguém. Quando se cansar o que ocorrerá? Ele estará tão magnetizado que provavelmente terá que se esforçar bastante para que o raio não procure ele. Concorda?

Engenheiros eletricistas e Físicos podem entender isso.

É simples, para toda ação existe uma reação correspondente.

Se penso só em mim? Então ninguém pensará em mim. Se penso na coletividade, no próximo? Ele e ela pensarão em mim.

Não acredito.

Pois bem.

Procure exercitar isso durante três dias e me diga o que ocorreu...

Porque Cristo ensina o amor ao próximo, como a si mesmo?

e Porque Judeus sacrificam seres queridos?

Sou cristão. Não anti-semita. Amo os judeus como a mim mesmo. Colaboraria com eles se preciso. E não os mataria. (Grande erro de Hitler com o aval de Pio XII)

Cristo não pregou morte. Cristo pregou amor. Com base nos dez mandamentos. Entre os quais: "não matarás!"

Certo. Mas sou cientista. E como tal não me conformo com frases imperativas. Então qual a lógica cristã?

É a mesma da física, pra toda ação corresponde uma reação de igual valor.

Ok. Mas isso seria vetorizado ao contrario. Sim. Porque o bem que faço à outrem me fará bem.

O sinal do vetor é a direção da reação, mas o valor é o mesmo.

Imagine então que você empurra uma parede com muita força, mas não recebe nenhuma reação instantânea. Isso porque a parede é bem construída e não cairá. Mas faça isso várias vezes todos os dias. E observe seus músculos melhorarem. É isso que os atletas fazem.

Ok. Mas eu sou economista. Vivo falando que o capitalismo voraz não é tecnicamente viável. Seria necessário aumentar o valor da variável finalidade social para equilibrá-lo.

Então imagine você desenvolvendo cada vez mais sua tese. Dando mais e mais palestras. Escrevendo bons não, excelentes livros? Veja bem... O capitalismo é a ordem social e como seus entes, cidadãos, quer sobreviver, se você o ensina como fazer isso ele irá querer aprender.

Essa é a lógica cristã. Faça bem à coletividade, sacrifique seu tempo, seus recursos em prol dela. E terá retorno, nem sempre imediato. Dependendo do tamanho do problema que quer enfrentar.

Para entender isso tomemos os dois fatos.

Pois se no primeiro o alguém não usurpa a confiança do ente querido não terá desgastes com esse, muito menos será usurpado.

Se o mago não usa forças naturais para destruir não será destruído.

Se o algúem triplica o patrimônio do ente querido? Fará bem ao ente ao patrimônio e a si mesmo.

Se o mago usa o raio para uma canalização de energia em prol da comunidade? Fará bem a sociedade e prenderá o raio até exaurir seu último joule de energia. Rsrsrsrs... Não seriam para-raios perfeitos???

Ocorre que nos dois casos o medo atua com consequências que não podemos prever. E se as prevemos não iríamos provocá-las.

O alguém tem medo de ter. Pense nisso.

O mago tem medo do que quer matar. Não seria?

O medo tem atuado constantemente na nossa sociedade. Em diversas formas e fatos. Cabe a cada um de nós identificá-la e revetê-las à comunidade. Inclua na comunidade nossa casa, a natureza.

Faça sua parte! (Isso também quero fazer)

E colha os bons frutos!

Boa reflexão!

Um novo ano para todos!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Uma Visão do Direito.

Tá certo, este deveria ser um blog sobre minha música e aqueles que admiro.

Mas desde há muito venho tentando me formar na cadeira jurídica.

Frustradamente fui acometido por uma disfunção psiquiátrica e pra me curar usei muito o estudo da música.

Retomando agora os estudos de direito, me vem o futuro e nele talvez a possibilidade de dar aula.

Esse texto me veio como uma palestra sobre o que vem a ser o Direito. Como se eu estivesse dando uma aula de Introdução ao Estudo do Direito.

Segue:

"Caros colegas.

Podem me perguntar o porquê do 'colegas'...

Respondo. Como vocês, eu também sou um estudante de direito.

Ninguém se forma. Isso é um pre-requisito arcaico que não passa de uma criação para forjar um mercado de profissionais.

Todo mundo muda. Isso sim. E muito. E constantemente.

Existem na minha opinião, três tipos de profissionais do Direito. Ou seja, três tipos arquétipos de seres humanos que trabalham com o Direito. Sobrevivem, vivem deste labor.

O primeiro é aquele que engana, não sabe o que fala, finje que sabe, e acaba se embananando. Este tipo fracassa. Ou se traveste de profissional com o fim de subtrair dos outros sem oferecer nada em troca.

O segundo é aquele que defende um ponto de vista muito fixo. Sabe o que fala, estuda, provoca e luta para defender os interesses seus e daqueles que o acompanham, ou ele mesmo acompanha.

O último - e que mais gosto - é com certeza o mais belo. Nunca diz saber algo, estuda, escuta, observa, interpreta, usa a analogia da mente.

Não necessariamente esses tipos podem ser identificados separados, mas mais comumente em conjunto em um só indivíduo. Que transita pelos arquétipos com velocidade. As vezes, indivíduos se fixam em apenas um.

Interessante é perceber, que estudar, conhecer não necessariamente vem ao encontro de ser, de saber.

Cada coisa no seu lugar.

Vou adentrar em outro assunto para concluir.

O direito é ciência. E como ciência não é estática e sim relativa. Qual lei científica não pode ser questionada? Nenhuma. Basta que você queira questioná-la e que para isso a conheça a fundo.

O direito é por natureza, uma ciência social. Isso significa que um homem apenas não pode mudá-la. Na grande maioria dos casos, grandes comunidades a cria. Cria suas fontes, seu processamento, sua aplicação.

Sendo algo mutável e da massa, da maioria, o Direito é portanto ciência política.

Dentro desse campo, aqueles arquétipos escolhem sua atuação.

Quem sairá vencedor?

Aquele arquétipo primeiro, que perjura falsidade e age em má índole?

Ou;

Aquele que age de forma coerente com os princípios que estabeleceu e agrega muitos outros comuns ao redor?

Ou;

Aquele que espera, observa, não toma decisões rápidas e vai acumulando experiência?

É possível deste contexto observar o seguinte.

Não existem posições certas.

Apenas existem posições.

Não existe nada definido, apenas existem mutações constantes que são fruto da percepção de grandes comunidades, poderosas ou não, ricas ou pobres.

Observe o mundo. E entenderá esta reflexão.

Depois faça a seguinte pergunta a si mesmo...

O que quer estudando Direito?"

Boa aula para se iniciar um curso desses...

Queria ter tido uma dessa.

Talvez eu a ministre.

Boa tarde, leitor oculto.

sábado, 17 de outubro de 2009

Carta à tecnologia.


Você, com sua era digital, reprime nossas virtudes, tira de nossos corações o sublime espírito crítico ao anunciar o fim, ou a decadência ao menos, da mão humana enquanto artesã.
Substituí o formato pinça que se alia a caneta, à primitiva digital do polegar em uma mensagem no celular...
A arte, assim, se esvai. Sai de uma frenética opção emocional ao seu arremedo cético e técnico.
A verdadeira face humana, a mesma que é capaz de lutar por ideais, agora se sujeita à sua malícia de imitar autoridades "majestosas" num saber inócuo que, na realidade, nada sabe. Só procura incorporar conhecimento como uma imobiliária a crescer.
O saber é diverso. Ama também, nada apreender.
Salve a filosofia!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Quando toquei o meu ser pela primeira vez, utilizando o processo Ho'oponopono.

Quando toquei o meu ser pela primeira vez, utilizando o processo Ho'oponopono.

Goiânia, 28 de setembro de 2009.


Fui um garoto rebelde. Guiado pela raiva e consequente tortura pessoal diante a tristeza e miséria do mundo.

Deixei toda essa miséria e tristeza me invadir, como se fossem as únicas coisas que realmente importassem.

Não entendia porque nem como.

Sentia que algo deveria ser curado neste mundo.

Senti que havia algo muito doente. E assim sendo, passei a ser doente. Viciado em drogas, especialmente álcool e cigarro que são drogas de fácil acesso, passei a enfrentar uma série de dificuldades que resultaram em um diagnóstico precoce de Esquizofrenia.

Diante da doença me senti impotente. Mas por outro lado abraçado por alguma graça divina que se expressou mais fortemente no meu tratamento psiquiátrico e posteriormente psicoterapeutico.

Este último veio a se desenvolver mais tarde com o nascimento de minha filha.

Usei no "combate" à doença: acunpuntura e shiatsu; core energetics; constelação famililar; yoga e mais recentemente o processo conhecido como Ho'oponopono.

Francamente divulgado na internet pelo site: www.hooponopono.com.br o processo consiste em abraçar suas dores e os reflexos delas no mundo externo. Trasmutando seu ser, você "alivia" essas dores no mundo externo, tanto físico como espiritual.

O poder do processo é desconhecido como um todo. Mas sua linguagem é atrativa e leva a estados de êxtase em relação a si e ao Universo externo.

Ainda sou novo na prática. Mas gostaria de registrar e futuramente compartilhar esta experiência única.

O garoto rebelde de que falei é um espelho do amor ao próximo e da dificuldade de se trabalhar esse amor.

Assim como o amor liberta, ele pode prender.

Sim. Essa assertiva é bem conhecida.

No caso, o amor imaturo do jovem pelo mundo representa a fuga de si mesmo. O jovem aponta nas mazelas alheias sua insatisfação consigo mesmo.

Na medida que enxerga sua impotência adoece.

Se a doença pode matar, ela pode transformar um ser pela cura.

No caso a cura passa pela adoção de si mesmo.

Durante a prática do Ho'oponopono adotei a visão de tratamento deste "jovem" interno.

E lhe disse: "EU TE AMO".

Em seguida a imagem dele se acalmou e o abracei.

E lhe disse: "SINTO MUITO".

E chorei com ele...

E lhe disse: "EU TE PERDOÔ".

Libertando nossas almas de qualquer rancor recíproco.

Por fim: "SOU GRATO!"

Porque aprendi muito com este garoto e espero que o aprendizado seja recíproco. Ele, o garoto, comigo.

Visitem o site e entenderão melhor!

Graças a todos!

Amor infinto!

domingo, 9 de agosto de 2009

Ser Pai

Um dia me perguntaram:
“Que acha de ser pai?”

Respondi indagando
“Não sei... O que é?”

Então um velho sábio me falou:

“É não ter a pretensão de ser...

Ser pai é lançar uma semente no mundo
Cuidar para que ela germine, cresça e floresça

É ser arco da flecha que a Vida lança

Por ser pai, não se compreende, ser
Mas sim estar

Porque será apenas a lança empunhada pelo divino universo
O escudo contra o mal para o nascituro
A palavra que rebenta a luz no mundo

Mas disso nada lhe pertence
Pois o pai nada mais é que instrumento
É como na música
Em que o que se ouve
Não é o timbre, o ritmo, tampouco o músico
Mas a própria imagem, o som, a alma
Que permeia o ar, a luz, tudo.”

Só quem é pai, filho, pode entender...

Feliz dia dos pais a todos os pais e filhos!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Parabéns Senado!

O Senado da República Federativa do Brasil.

Que República?

República significa: “Coisa do Povo” – do latim res publica.

Que povo?

Brasileiro...

Mas quem é o brasileiro?

Ah sim.

...

O brasileiro é aquele povo que ainda em sua maioria acredita em Deus, seja ele evangélico, católico, espírita, agnóstico, ubandista, enfim... Temos muitas maneiras de ver Deus.

O brasileiro é aquele povo que trata a riqueza de forma séria, costuma ser econômico e preserva a natureza, porque sabe que dela vem sua saúde e alimentação.

Ah, sim... Mas temos uma imagem totalmente diferente.

Isso porque a minoria que se diz rica... Mas é POBRE! Destrói nossas riquezas em troca de poucas outras industriais de países que se dizem desenvolvidos... Mas que na verdade são PRIMITIVOS.

Países que se vangloriam de grandes reservas de jóias, ouro, petróleo e cujos habitantes valorizam o luxo ao revés da simplicidade.

Que matam milhões por dia, de fome, de falta de saúde, de miséria, pra terem seus luxuosos concertos e óperas em teatros banhados de cristais e diamantes.

Enquanto isso, a corja palhaça do Senado, que se refere a uma casa de sábios, demonstra sua grande ESTUPIDEZ.

Quer controle sobre uma população que olha para eles e se pergunta... O que eles controlam?

Muita coisa.

Menos uma.

A alma brasileira. Que é a que, enquanto senadores esbravatam ofensas e ameaças uns aos outros, está beijando sua esposa ou esposo, preparando o café, contando os miúdos pra fazer a feira, olhando o filho dormir, enxugando o suor do trabalho.

Pois então. A alma brasileira se contenta com pouco. São muitos nobres simplórios que olham pra pequena massa porca e vaidosa desta terra se matando por nada. Nada. Pois as jóias, ouro, petróleo, álcool, bio-diesel (quem está mais para morte-diesel, mas esse é outro assunto), enfim... Toda essa pseudo-riqueza vai passar. Os anos vão passar. E quando passar, permanece o homem que sabe caçar, cultivar, que conhece as plantas e saber ler as estrelas.

Sim... O Senado inspira, a nobre e grande massa brasileira, realmente sábia. Pois nos mostra quão nobre são estes brasileiros.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

O “tecnicinismo” atual do ensino Universitário

“Coração, juventude e fé”... Quem já escutou (e escutou verdadeiramente) tais palavras mágicas nas melodias de Milton, entende o quanto esse sentimento faz parte do melancolismo nostálgico que vivem nossas universidades.

Muitos se perguntam o que realmente aconteceu? Por quais razões o ensino mudou tanto. Fica claro nos ataques à pessoa de José Dirceu e sua ascensão política fruto de lutas estudantis no regime militar.

Do que estou falando?

Bem, quem realmente procura uma linha de pensamento própria e crítica e não simplesmente reproduz as frases ditadas por reitores e professores sabe muito bem o que estou falando...

Que o ensino passou de uma tentativa de filosofia crítica e política para um calhamaço de papéis burocráticos que ensinam toda a técnica profissional, mas longe de ensinar o que fazer com essa técnica.

Muito menos de ensinar a pensar essa técnica, mas simplesmente reproduzi-la na esperança de ela seja melhorada por um simples arremedo tecnicamente melhorado.

Falta de vontade das instituições. Não, muita vontade de reprodução em alta escala de capital humano.

Não tenho pretensões de esgotar o assunto. Mas lançar uma pedra no lago, na teoria Taoísta que o impulso vale tanto quanto a onda que chega na praia do lago.

Fiquemos então com os “crimes pra comentar” e “samba pra distrair”, não é Chico?.

Boa diversão.


MEC-USAID[1]



Série de acordos produzidos, nos anos 1960, entre o Ministério da Educação brasileiro (MEC) e a United States Agency for International Development (USAID). Visavam estabelecer convênios de assistência técnica e cooperação financeira à educação brasileira. Entre junho de 1964 e janeiro de 1968, período de maior intensidade nos acordos, foram firmados 12, abrangendo desde a educação primária (atual ensino fundamental) ao ensino superior. O último dos acordos firmados foi no ano de 1976.

Os MEC-USAID inseriam-se num contexto histórico fortemente marcado pelo tecnicismo educacional da teoria do capital humano, isto é, pela concepção de educação como pressuposto do desenvolvimento econômico. Nesse contexto, a “ajuda externa” para a educação tinha por objetivo fornecer as diretrizes políticas e técnicas para uma reorientação do sistema educacional brasileiro, à luz das necessidades do desenvolvimento capitalista internacional. Os técnicos norte-americanos que aqui desembarcaram, muito mais do que preocupados com a educação brasileira, estavam ocupados em garantir a adequação de tal sistema de ensino aos desígnios da economia internacional, sobretudo aos interesses das grandes corporações norte-americanas. Na prática, os MEC-USAID não significaram mudanças diretas na política educacional, mas tiveram influência decisiva nas formulações e orientações que, posteriormente, conduziram o processo de reforma da educação brasileira na Ditadura Militar. Destacam-se a Comissão Meira Mattos, criada em 1967, e o Grupo de Trabalho da Reforma Universitária (GTRU), de 1968, ambos decisivos na reforma universitária (Lei nº 5.540/1968) e na reforma do ensino de 1º e 2º graus (Lei nº 5.692/1971).

Para o estudo dos acordos MEC-USAID, é fundamental consultar as obras de José Oliveira Arapiraca, A USAID e a educação brasileira: um estudo a partir de uma abordagem crítica da teoria do capital humano (1982); Ted Goertzel, MEC-USAID: ideologia de desenvolvimento americano aplicado à educação superior brasileira (1967); Márcio Moreira Alves, O beabá dos MEC-USAID (1968).

Sobre os impactos históricos dos MEC-USAID na educação brasileira, ver: Otaíza Romanelli, História da educação no Brasil (1978); Luiz Antônio Cunha e Moacyr de Góes, O golpe na educação (1985); Francis Mary Guimarães Nogueira, Ajuda externa para a educação brasileira: da USAID ao Banco Mundial (1999).

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Tremor Exagerado - 5a Parte

...5...
“Não... De forma alguma. Realmente o cigarro não faz bem, assim como a cafeína em excesso – e não é só o café que contem essa substância...”

“Mas eu só gosto de café...” Responde Ian ao psiquiatra.

“Sim, mas como dizia, a Epilepsia não é uma doença, segundo alguns estudos, que se adquire durante a vida, mas é resultante de fatores congênitos. De alguma forma se manifesta mediante uma espécie de gatilho. Por isso, Ian, recomendo a terapia com psicólogo ou psicanalista, além da medicação que estou te passando, é claro.”

A descrição do estado atual de saúde não agrada ao rapaz. Ele se indaga: “Quem é esse homem, que pensa que pode me conhecer tanto assim? Mas de alguma forma tem razão, pois de onde viriam tantos tremores estranhos?” E continua a escutar a exposição.

Os minutos se passam, Ian se dirige com Perla à farmácia para adquirir o medicamento. Arnaldo foi cuidadosamente convidado a não se juntar a eles, sob o pedido do enfermo.

Ian não pensava em outra coisa, senão em explorar o novo universo que se abria. Interessava-se sobre o doente mental como não havia feito antes. E já imaginava novas formas e cores para compor.

Após a farmácia e tomar a medicação sob os cuidados de Perla, Ian se dirige com a amiga para o Ateliê.

Ao chegar ele a agradece. Ela o olha tenramente. Eles não compreendem muito bem o que se passa. De repente a amizade tomava um rumo diferente. Um carinho superior nascia entre os dois. Interessante, pois Ian não se sentia querido por alguém há muito tempo. Desde que aos oito anos de idade perdera a mãe.

Se sente invadido e deixa acontecer a invasão. Perla o beija no rosto. Ian escorrega os lábios para os dela. E o amor flui com naturalidade. Quando percebem estão atônitos com o que aconteceu. Uma transa singela, doce, mas ao mesmo tempo vigorosa e quente.

... Um dia para o silêncio ...

retirado do site:

http://infoalternativa.org/



Kafka tem um rival. O Ministério dos Negócios Estrangeiros dá-nos lições sobre direitos humanos
John Pilger; 1 de Dezembro de 2008
Hoje (1 de Dezembro), um evento surrealista terá lugar no centro de Londres. O Ministério dos Negócios Estrangeiros organiza um dia aberto para «sublinhar a importância dos Direitos Humanos no nosso trabalho como parte do 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos do Homem». Haverá vários “palcos” e “painéis de discussão” e o ministro dos Negócios Estrangeiros, David Miliband, apresentará um prémio de Direitos Humanos. Será isto uma paródia? Não. O Ministério dos Negócios Estrangeiros quer elevar a nossa «consciência sobre direitos humanos». Kafka e Heller têm muitos imitadores.
Não haverá palco para os habitantes das Ilhas Chagos, os 2.000 cidadãos britânicos expulsos da sua terra natal no Oceano Índico, combatidos pelo governo de Miliband a fim de impedi-los de retornar ao que é agora uma base militar dos EUA e um suspeito centro de tortura da CIA. O Supremo Tribunal reiteradamente restaurou este direito humano fundamental aos ilhéus, a essência da Magna Carta, descrevendo as acções do Ministério dos Negócios Estrangeiros como «ultrajantes», «repugnantes» e «ilegais». Não importa. Os advogados de Miliband recusaram-se a desistir e foram salvos a 22 de Outubro pelos julgamentos transparentemente políticos de três membros da Câmara dos Lordes.
Não haverá palco para as vítimas de uma política britânica sistemática de exportar armas e equipamento militar para dez dos 14 países mais pobres e exangues pela guerra de África. No seu discurso de hoje, com a boa gente da Amnistia e da Save The Children a assistir, o que dirá Miliband às vítimas desta violência patrocinada pelos britânicos? Talvez mencione, como frequentemente faz, a necessidade de “boa governação” em lugares longínquos, enquanto o seu próprio regime suprime uma investigação do Serious Fraud Office [Gabinete de Grandes Fraudes] aos negócios de armas de 43 milhões de libras da BAE com a tirania corrupta na Arábia Saudita – com a qual, notou o ministro dos Negócios Estrangeiros Kim Howells em 2007, os britânicos têm «valores em comum».
Não haverá palco para os iraquianos cuja vida social, cultural e real foi esmagada por uma invasão não provocada baseada em comprovadas mentiras. Será que o ministro dos Negócios Estrangeiros pedirá desculpa pelas bombas de fragmentação que os britânicos têm espalhado, que ainda rebentam as pernas de crianças, ou pelo urânio empobrecido e outros produtos tóxicos que têm feito com que o cancro consuma vastas camadas populares do Sul do Iraque? Será que falará acerca do direito humano ao conhecimento e anunciará o desviar de uma parte dos milhares de milhões destinados a resgatar a City [centro financeiro] de Londres, para restaurar aquele que era um dos melhores sistemas escolares do Médio Oriente, obliterado como consequência da invasão anglo-americana, e para os museus e editoras e livrarias, e professores, historiadores, antropologistas e cirurgiões? Será que anunciará o envio de simples anestésicos e seringas para hospitais que antes tinham quase tudo e hoje nada têm, num país onde os governos britânicos, especialmente o seu, lideraram o bloqueio à ajuda humanitária, incluindo a proibição de Kim Howells à entrada de vacinas para proteger crianças de doenças evitáveis?
Não haverá palco para a gente de Gaza cuja maioria, diz a Cruz Vermelha Internacional, está ameaçada de fome, em particular as crianças. Prosseguindo uma política de reduzir um milhão e meio de pessoas a uma existência hobbesiana, os israelenses cortaram a maioria dos suportes de vida. David Miliband esteve recentemente em Jerusalém, a uma curta distância de voo de helicóptero do povo cativo de Gaza. Não foi lá e nada disse sobre os seus direitos humanos, preferindo palavras dúplices acerca de uma “trégua” entre atormentador e vítimas.
Não haverá palco para os sindicalistas, estudantes, jornalistas e defensores dos direitos humanos assassinados na Colômbia, um país onde as “forças de segurança” do governo são treinadas por britânicos e americanos, e são responsáveis por 90 por cento das torturas, diz um novo estudo do grupo de direitos humanos britânico, Justice for Colombia. O Ministério dos Negócios Estrangeiros diz que está a «melhorar o registro de direitos humanos dos militares e a combater o tráfico de droga». O estudo não encontra um vestígio de evidência que suporte isto. Agentes colombianos implicados em homicídios são recebidos no Reino Unido para “seminários”.
Não haverá palco para a história, para a nossa memória. Arquivados nas grandes bibliotecas britânicas e arquivos documentais, ficheiros oficiais desclassificados dizem a verdade acerca das políticas britânicas e dos direitos humanos, desde atrocidades oficialmente avalizadas em campos de concentração no Quénia colonial e o armamento do genocida general Suharto na Indonésia, até ao fornecimento de armas biológicas a Saddam Hussein na década de 1980.
Enquanto ouvimos o zumbido moralista de ex-militares britânicos “peritos em segurança” dizendo-nos o que pensar acerca dos terríveis eventos em Bombaim, podemos lembrar-nos do papel histórico britânico como parteiro do extremismo violento no Islão moderno, desde a ascensão da Irmandade Muçulmana no Egipto na década de 1950 e o derrube do governo democrático liberal do Irão, ao armamento pelo MI6 dos mujahedin afegãos, os taliban em processo de formação. O objectivo era, e continua a ser, a negação do nacionalismo a povos lutando para ser livres, especialmente no Médio Oriente, onde o petróleo, diz um documento secreto do Ministério dos Negócios Estrangeiros de 1947, é «um prémio vital para qualquer potência interessada na influência e dominação mundial». Os direitos humanos estão quase totalmente ausentes desta memória oficial, ao contrário do medo de ser descoberto. A expulsão secreta dos habitantes das ilhas de Chagos, diz um memorando do Ministério dos Negócios Estrangeiros de 1964, «devia ser cronometrada de modo a atrair o mínimo de atenção e devia ter alguma cobertura lógica [de modo a não] levantar suspeitas acerca do seu propósito».
Como é que se perpetua este país das maravilhas? Os media desempenham o seu papel histórico, seguindo a linha do poder, censurando por omissão. Roland Challis, que era o correspondente da BBC no Sudeste Asiático quando Suharto estava a chacinar centenas de milhares de alegados comunistas na década de 1960, disse-me: «Foi um triunfo para a propaganda ocidental. As minhas fontes britânicas alegavam não saber o que se passava, mas sabiam… Os navios de guerra britânicos escoltaram um navio cheio de soldados indonésios através dos Estreitos de Malaca para que eles pudessem tomar parte nesse terrível holocausto».
Hoje, a propaganda das relações públicas vestida de erudição promove o mesmo poder predatório britânico, enquanto procura fixar as fronteiras da discussão pública. Um relatório foi publicado na semana passada pelo Institute for Public Policy Research, que se descreve a si mesmo como «o mais proeminente think tank progressista do Reino Unido». Tendo sido esvaziado do seu significado etimológico, o antes nobre termo “progressista” junta-se a “democracia” e “centro-esquerda” no rol de mentiras. Lord George Robertson, o novo falcão de guerra do New Labour, devoto do submarino Trident e antigo chefe da NATO, tem a sua assinatura na capa, junto com Paddy Ashdown, antigo vice-rei dos Balcãs. Confortavelmente baseado em clichés de gestão de crises, o relatório do IPPR (“Destinos Partilhados”) é um «apelo à acção» porque «estados fracos, corruptos e falhados tornaram-se maiores riscos de segurança que os fortes e competitivos». Sem mencionar o terror dos estados ocidentais, a o «apelo» é à NATO em África e à intervenção militar «se considerada necessária».
Há uma concordância quanto à “percepção” de que a actual “intervenção” anglo-americana em terras muçulmanas potencia o terrorismo na Grã-Bretanha: o que é ofuscantemente óbvio para a maioria das pessoas. Em Fevereiro de 2003, quase 80 por cento dos londrinos sondados acreditava que um ataque britânico ao Iraque «tornaria mais provável um ataque a Londres». Foi exactamente esta a advertência feita a Blair pelo Joint Intelligence Committee. A advertência não é menos urgente enquanto “nós” continuamos a atacar os países de outras povos e a permitir que falsos campeões roubem os direitos humanos de todos nós.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Tremor Exagerado - 4a Parte

... 4 ...


É terça-feira, 18 de dezembro de 2007. É verão no Rio. No Leblon os carros apressados para o início de expediente se confundem com os de turistas, morosos, que aproveitam a vista do morro dos Dois Irmãos, procuram lugar para estacionar.

Na praia, os patinadores estão desenvolvendo corridas na ciclovia. Jogadores de “foot-voley”, disputam a areia com banhistas. É a enciclopédia de seres-humanos. E dela, Ian pensa que entende, compreende e rejeita. E ela, ele admira de seu apartamento em uma rua vicinal à Avenida Vieira Souto.

O café solta seu cheiro pela primeira vez, de várias no dia.

Ian, nasceu no interior do Rio no município de Rio Preto, distrito de Valença. Veio para a capital ainda com quatorze anos, adolescente. Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde se preparou para a prova específica de admissão na Escola de Belas Artes. Ingressou no ensino superior aos dezesseis anos, prematuramente. Assim também terminou a cadeira de Pintura, ainda aos dezenove anos. Continuou estudando, mediante patrocínio do governo brasileiro, frente à sua bela demonstração de dedicação e talento. Fez pós em “fine arts” no Pratt Institute, NY/EUA, pós em história e prática expressionista na Universidade de Amsterdam/Holanda, onde finalmente achou sua veia nas obras dos mestres expressionistas do final do século 19.

Ian foi rápido, decidido e certeiro. Voltou para o Rio. Adquiriu seu ateliê e moradia no magnífico Leblon e vê o mundo abaixo dele. Sente um poder sobre a própria vida que muitos não sentem. Vê o mundo distorcido pelas lentes da incredulidade. E manifesta até contra a família de Perla, sua indignação.

Mas o preço por colocar sua visão para o mundo se tornou caro. A solidão e o isolamento são cada vez mais constantes em sua vida. E pra aumentar o temor do jovem, tremores estranhos têm acontecido com uma freqüência alta. Talvez fosse a quantidade de café. Mas ele não entendia muito bem o assunto.

Já se passaram quatro horas entre pinceis, cavaletes, cinzeiros e xícaras de café... E nada. A idéia fugia. O instrumental estava dando voltas na cabeça do jovem. Ele se perde... Lembra que havia uma companhia com Perla no MAM, Arnaldo, a acompanhava na saída. Suas mãos tremem... Ele sente o corpo separar da mente... Pois tenta controlar e nada... Cai ao chão... Geme... Tenta gritar, como uma criança grita pela mãe... Em vão... Desmaia depois de tanta energia perdida.

Acorda com um arrombo em sua porta. Por ela vê a forma embassada de Perla e Arnaldo. O casal chegava preocupado, pois os vizinhos falavam de gritos e sobre um barulho de quem caía ao chão.

Perla pega um copo d’água – “Você está bem, amigo?”

“Ainda estou zonzo...” Responde depois de dar um gole na água.

“Você precisa se cuidar... Está fumando muito e tomando muito café. O que aconteceu?”

Ian olha para Arnaldo – “O que ele faz aqui?”

“Admira seu trabalho, Ian, não fale assim.”

“Você precisa de um médico...” Responde Arnaldo ao embate do colega.

“Sim, Ian. Vamos ao médico.” Assume, logo, Perla a postura de cuidado.