sábado, 28 de fevereiro de 2009

O “tecnicinismo” atual do ensino Universitário

“Coração, juventude e fé”... Quem já escutou (e escutou verdadeiramente) tais palavras mágicas nas melodias de Milton, entende o quanto esse sentimento faz parte do melancolismo nostálgico que vivem nossas universidades.

Muitos se perguntam o que realmente aconteceu? Por quais razões o ensino mudou tanto. Fica claro nos ataques à pessoa de José Dirceu e sua ascensão política fruto de lutas estudantis no regime militar.

Do que estou falando?

Bem, quem realmente procura uma linha de pensamento própria e crítica e não simplesmente reproduz as frases ditadas por reitores e professores sabe muito bem o que estou falando...

Que o ensino passou de uma tentativa de filosofia crítica e política para um calhamaço de papéis burocráticos que ensinam toda a técnica profissional, mas longe de ensinar o que fazer com essa técnica.

Muito menos de ensinar a pensar essa técnica, mas simplesmente reproduzi-la na esperança de ela seja melhorada por um simples arremedo tecnicamente melhorado.

Falta de vontade das instituições. Não, muita vontade de reprodução em alta escala de capital humano.

Não tenho pretensões de esgotar o assunto. Mas lançar uma pedra no lago, na teoria Taoísta que o impulso vale tanto quanto a onda que chega na praia do lago.

Fiquemos então com os “crimes pra comentar” e “samba pra distrair”, não é Chico?.

Boa diversão.


MEC-USAID[1]



Série de acordos produzidos, nos anos 1960, entre o Ministério da Educação brasileiro (MEC) e a United States Agency for International Development (USAID). Visavam estabelecer convênios de assistência técnica e cooperação financeira à educação brasileira. Entre junho de 1964 e janeiro de 1968, período de maior intensidade nos acordos, foram firmados 12, abrangendo desde a educação primária (atual ensino fundamental) ao ensino superior. O último dos acordos firmados foi no ano de 1976.

Os MEC-USAID inseriam-se num contexto histórico fortemente marcado pelo tecnicismo educacional da teoria do capital humano, isto é, pela concepção de educação como pressuposto do desenvolvimento econômico. Nesse contexto, a “ajuda externa” para a educação tinha por objetivo fornecer as diretrizes políticas e técnicas para uma reorientação do sistema educacional brasileiro, à luz das necessidades do desenvolvimento capitalista internacional. Os técnicos norte-americanos que aqui desembarcaram, muito mais do que preocupados com a educação brasileira, estavam ocupados em garantir a adequação de tal sistema de ensino aos desígnios da economia internacional, sobretudo aos interesses das grandes corporações norte-americanas. Na prática, os MEC-USAID não significaram mudanças diretas na política educacional, mas tiveram influência decisiva nas formulações e orientações que, posteriormente, conduziram o processo de reforma da educação brasileira na Ditadura Militar. Destacam-se a Comissão Meira Mattos, criada em 1967, e o Grupo de Trabalho da Reforma Universitária (GTRU), de 1968, ambos decisivos na reforma universitária (Lei nº 5.540/1968) e na reforma do ensino de 1º e 2º graus (Lei nº 5.692/1971).

Para o estudo dos acordos MEC-USAID, é fundamental consultar as obras de José Oliveira Arapiraca, A USAID e a educação brasileira: um estudo a partir de uma abordagem crítica da teoria do capital humano (1982); Ted Goertzel, MEC-USAID: ideologia de desenvolvimento americano aplicado à educação superior brasileira (1967); Márcio Moreira Alves, O beabá dos MEC-USAID (1968).

Sobre os impactos históricos dos MEC-USAID na educação brasileira, ver: Otaíza Romanelli, História da educação no Brasil (1978); Luiz Antônio Cunha e Moacyr de Góes, O golpe na educação (1985); Francis Mary Guimarães Nogueira, Ajuda externa para a educação brasileira: da USAID ao Banco Mundial (1999).

Um comentário:

Gustavo Balduino disse...

o texto sobre os acordos mec/usaid foi retirado do site: http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/glossario/verb_c_mec-usaid%20.htm