Eu já não gostava das suas falas.
Há anos não via um desses deputados ocultos da nossa câmara federal que me lembram malucos e sanguessugas tal qual vemos no dia a dia rodando pelas estradas em carrões em alta velocidade, pouco preocupados se sua “pressa” vai ou não custar a vida de alguém; bem, como dizia há anos não vejo um deles ser candidato à presidência da república.
Retórica? Bolsonaro ignora. Se mostrar um livro de retórica pra ele, ele queima e joga no lixo. O seu vocabulário não se acha em dicionários, mas nas conversas dos bêbados machistas e saudosos do governo militar sentados nas esquinas.
Acontece que mesmo o governo militar tinha um propósito melhor que o desse senhor eleito por um parcela pequena de eleitores. Pra que Bolsonaro se tornasse presidente foi necessária a maior abstinência de votos que a nova democracia viu, aproximadamente 27% dos brasileiros justificaram sua ausência, ou votaram nulo ou em branco.
Os governos anteriores do PT provocaram essa onda de indignação; da classe média e da elite por falta de diálogo, da classe mais baixa pelo isolamento da sigla de quem lhe empossou.
Mas eu ainda esperava mais bom senso do presidente recém eleito. Afinal a ala direita da política brasileira tinha o mínimo de diplomacia. Apesar de ser a mais corrupta, sempre foi.
Mais, o senhor Bolsonaro se dizia patriota, e isso me dava menos preocupações sobre sua condução no governo.
Hoje vejo que estava redondamente enganado. 100.000 mortos por uma infecção contagiosa do novo Coronavírus no Brasil mostraram sua péssima habilidade de governar. A ciência virou bandeira ideológica da esquerda, então que se dane a ciência. O valor da vida finalmente foi admitido como moeda de troca econômica, para a tristeza de muita gente.
Mas a pergunta que não cala é, o lema do presidente empossado é: “Deus acima de todos, Brasil acima de tudo”, que Deus é esse? Do amor ou do ódio? Da guerra? Da mentira? Da desconfiança? Me parece algum daqueles deuses gregos que brigavam entre si e matavam seus súbditos em apostas.
E que Brasil é esse? O ecológico? Ou o garimpeiro? O que busca harmonia étnica? Ou o racista? O progressista? Ou o ordeiro da mordaça e tortura?
As respostas estão aí. E nós já sabemos. Continuo lembrando, ele, Jair Messias Bolsonaro, ainda vai ser reconhecido como o maior traidor da história desse país, mas qual país?