domingo, 17 de novembro de 2013

Os Irmãos Siameses

Eram dois irmãos que viviam juntos. Sempre compartilhavam os mesmos sentimentos. Viviam sua idade de ouro: 10 anos.

O mundo respirava sua aurora. Viva um momento de início de novo tempo. Onde o bem e o mal conviviam pacificamente, um resultado do encontro natural inspirado na criação.

Um se chamava Lao. O outro José.

Lao achava-se bem em qualquer lugar. Deliciando-se com a natureza bela que o cercava.

José, sempre precisava encontrar seu conforto em um lugar seguro. Criando sua casa, jardim ócio.

Por exemplo. Enquanto Lao se limitava a colocar cada coisa da natureza em seu lugar, criando uma espécie de harmonia indireta; pois bem, José destruía o que existia e a partir disso criava seu próprio universo harmônico.

Nesta senda, continuando; se Lao achava um caminho para chegar a uma bela cachoeira, José queria adiantar o curso, construindo pontes de madeira e passagens na picada.


Mas um dia algo os separou. Os dividiu e isso, a todos os vizinhos indignou. José queria acertar o curso d’água de forma que a cachoeira deixasse de existir, e levando-o para dentro de sua casa, para limpar vasilhas de alimentos e panelas...

Lao, indignado, interpelou seu irmão de alma. Dizendo que bastava pegar um curso abaixo da cachoeira. José argumentou: “Assim não aproveito a queda d’água e preciso de um moinho e bomba para empurra-lo até a casa”.

Lao, contradisse: “Gosta tanto de construir, que custa mais um moinho e bomba?”

José não disse nada.

A Paz perdurou até que novo fato acontecesse. Uma bela moça da cidade chegou. Dizendo que aquela região era muito bela e deveria ser dividida.

Seu nome era Minerva e assim se apresentou.

José, coçou a barba, os anos passaram e ele então já estava aos 28. Lao, como tal, se alegrou em saber que novos amigos ao lugar se juntariam e um grande banquete sugeriu como recepção. Afinal os viajantes estariam cansados e mereciam atenção.

Com o banquete finalizado, Lao, José e Minerva, aguardaram os novos amigos ao lado da bela cachoeira que iluminava aquele paraíso de sol.

Aquela quantidade de gente se saciou com as frutas nativas de Lao, deliciosamente regadas com mel e as caças de José temperadas com ervas e limão.

O banquete, porém, não foi suficiente, a gente se sentiu mal e foi embora. Deixaram o lugar sujo e pisoteado e não deram aos anfitriões a menor ajuda.

Lao e José se sentiram mal também, e Minerva ficou ali se perguntando o que poderia fazer para evitar um novo aborrecimento.

A José pediu cimento, madeira e cordas, aos dois deu uma solução.

“Enfeitar a bela cachoeira, Lao. José, construir piso de madeira, batentes, escadas e corrimões, vamos proteger o lugar para novos visitantes.”

“Sinto muito” – Disse José. “Já está na hora de transformar a bela cachoeira em meu lugar de limpar louças e vasilhas”.

Lao não se opôs como antes.

Minerva atenta procurou Lao mais tarde.

Disse que deveriam manter a cachoeira, eliminar José e receber novos visitantes.

Indignado, Lao se calou e disse que voltaria depois com uma resposta.

No dia em que José começou a modificar o curso d’água, Lao apareceu e disse que nada seria feito, até que ele resolvesse o que seria certo.

José não lhe deu ouvidos.

Lao com um grito se opôs.

A Paz acabou.

Os dois mancharam de sangue o lugar que tanto amavam. Os dois abraçados e mortos num sepulcro que lhes separou.

Minerva que a tudo assistiu trouxe novos visitantes. Construíram ali um hotel. A cachoeira preservou.

Teve dois filhos gêmeos de Lao, um se chamaria Abel, o outro Araão.

sábado, 9 de novembro de 2013

Um Homem na Platéia


Vibração
Pulso
Suor
Punho
Cabelos estirados
Tablado
Treme tenso
Enquanto penso
Ela está dominada
Por outro mesmo
Por outro lado
Pelo acaso
Medo?
Não tenho
Tenho ao meu lado
Outra noite
Outro palco
Quantos anos têm?
Não danço
Isso não faço!
Não sou um dançarino

Não permito o caos

terça-feira, 5 de novembro de 2013

No Esquecimento


Sinto a solidão
Tamanha
Que nem a luz poderia preencher minha alma

Pego o gelo e na ponta dos dedos
Sinto o calor da ausência
Sinto ferver o nada

Tenho no coração a tristeza
Dos amores esquecidos
Dos beijos perdidos
Das noites em claro

Nem a manhã
Nem o orvalho
Nem a lua
Poderá me fazer sorrir

Pois a um poeta esquecido
Só as letras acalmam